sábado, novembro 25, 2017

COMO (NÃO) CUIDAR DO PATRIMÓNIO



O caso do jantar no Panteão já tinha sido infeliz, e tinha sensibilizado a opinião pública para as más práticas que advinham do aluguer de espaços em edifícios classificados como museus e monumentos, mas na altura estavam apenas (?) em causa questões de dignidade dos espaços, mas não eram apenas esses que nos deviam preocupar, pois sempre estiveram também em causa problemas de uso e conservação, que também podem decorrer da ligeireza (necessidade afirmam alguns) em fazer estas cedências de espaços.

Agora veio a público um jantar no Palácio Nacional da Ajuda, e ilustrado com fotos bem elucidativas de más práticas, desde logo porque o número de convivas era demasiado elevado para o espaço cedido, o que devia ter inviabilizado desde logo a sua realização.




Algumas frases atribuídas à assessoria da direcção do Palácio Nacional da Ajuda e/ou ao conselho de curadores do Museu de Arte Antiga é que me deixaram furioso com tudo isto. Pretender que o facto de se verem pratos colocados nos corrimões, mesas de catering “perigosamente juntas aos frescos e tapeçarias” e convidados fotografados “encostados e sentados na parte lateral de um coche secular” eram resultado de haver vigilantes em número insuficiente, é para rir, porque quem autorizou a realização, e determinou a colocação das mesas e de todo o material de apoio, bem como o que se iria passar no decorrer da festarola, foram com toda a certeza técnicos superiores do palácio, e nunca vigilantes, que muitas vezes nem são autorizados a estar nos espaços onde decorrem os eventos.


Sacudir a água do capote é coisa que está na moda, mas é patético estar sempre a bater nos mais fracos quando as coisas dão para o torto, e neste caso, como em muitos outros, os responsáveis não se podem esconder atrás dos subordinados que só obedecem a quem manda.


 

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