quinta-feira, outubro 06, 2016

A CRÍTICA E OS DESLUMBRADOS

A propósito da inauguração do MAAT, um novo museu que é uma obra vistosa, como já tinha acontecido com o novo Museu dos Coches, outra obra vistosa, o tema de conversa no sector da Cultura, e não só, anda mais em redor da imponência das obras do que das colecções que eventualmente possam vir ser, ou já lá estejam a ser exibidas.

A arquitectura dos edifícios e o seu custo são sempre discutíveis, mas não se julgue que estamos perante um problema de hoje, porque já antes isso acontecia em Portugal.

Recordemos Antero de Quental sobre o Palácio de Mafra: «…lúgubres moles de pedra, que se chama Escorial de Mafra, para vermos que a mesma ausência de sentimento e invenção, que produziu o gosto pesado e insípido do classicismo ergueu também as massas compactas e friamente correctas na sua falta de expressão da arquitectura jesuítica. Que triste contraste entre essas montanhas de mármore, com que se julgou atingir o grande, simplesmente porque se fez o monstruoso, e a construção delicada, aérea, proporcional e, por assim diser, espiritual, dos Jerónimos, da Batalha, da catedral de Burgos.».


Goste-se ou não, e eu sou insuspeito por já ter publicado comentários menos abonatórios sobre o Museu dos Coches, a verdade é que só nos resta exigir que estes edifícios funcionem o melhor possível.


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